Bruno Paes Manso; Camila Nunes Dias – editora “Todavia” – São Paulo, 2018
- Reportagem 2. Criminologia 3. Politica 4. Investigação
Nos últimos anos, o Brasil presenciou atonito cenas de pesadelo vindas de presídios de diversos estados. Com raros momentos de trégua, um desfile de atrocidades se desenrolou aos olhos de todos. Cabeças cortadas, corações arrancados, execuções a sangue-frio. A violência saiu das cadeias e se espraiou pelas periferias do país, envolvendo jovens e policiais numa espiral sangrenta que desafia o poder público. Por trás da matança generalizada está uma guerra pelo controle do tráfico de drogas. Administradas dos presídios, as facções criminosas brasileiras se profissionalizaram: com hierarquias rígidas e códigos de conduta sofisticados, expandiram-se em direção às fronteiras e controlam um negócio de centenas de milhões de dólares. Quem assumiu a liderança desse processo foi o Primeiro Comando da Capital – o PCC. Criada em 1993, ano seguinte ao do Massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela polícia, a facção passou a ditar as regras do crime nos presídios de São Paulo, impôs sua influência sobre outros estados e agora se internacionaliza a uma velocidade vertiginosa. Este livro é a narrativa mais completa já feita sobre esse processo. Mais que um retrato do PCC, é uma reportagem capaz de delinear a fisionomia da criminalidade no Brasil. Os autores obtiveram relatos inéditos de integrantes das facções e contam essa história por dentro do mundo do crime. No relato do assassinato de traficantes nas regiões de fronteira; na descrição apavorante das rebeliões no norte do pais; no exame da rivalidade entre o PCC e o Comando
Vermelho, na abundante transcrição dos salves-mensagens da cúpula da facção que circulam via WhatsApp; no escrutinio das ações de autoridades, os autores registram o cenário de barbárie que atesta a falência da segurança pública no Brasil. O encarceramento em massa, politica adotada por sucessivos governos, organizou o crime numa escala sem precedentes e produziu um monstro que pulsa não apenas no interior das mais de 1400 unidades prisionais brasileiras mas também nas “quebradas” ao redor do país, num intercâmbio inédito entre a vida do lado de dentro e a de fora das grades. A guerra é uma aula sobre as engrenagens de um universo aterrador e um alerta às autoridades: insistir nesse erro é ingressar num caminho sem volta. Bruno Paes Manso é jornalista, economista e doutor em ciência política pela USP. É autor dos livros O Homem X (Record) e Homicides in São Paulo (Springer). Camila Nunes Dias é doutora em sociologia pela USP e professora da Universidade Federal do ABC. É autora de PCC: hegemonia nas prisões e monopólio da violência (Saraiva).
“A guerra é um daqueles livros que a gente começa a ler e não consegue parar. Nunca vi descrição tão detalhada e análise tão profunda dos acontecimentos que levaram à formação das quadrilhas que hoje disputam a hegemonia no mundo do crime. É um livro essencial para entendermos a violência urbana que nos aflige e as contradições da sociedade brasileira.”
Drauzio Varella
“Este é um livro muito importante. Claro, bem escrito e com pesquisa impecável, é sem dúvida o melhor que já li sobre o PCC.”
Misha Glenny
“Enquanto o crime organizado se modernizou, o Estado permaneceu atrelado ao passado. A expansão do PCC além das fronteiras, os rachas entre facções, a dinâmica dos negócios ilegais, a contabilidade dos mortos, as políticas de regulação e controle social, este livro é um retrato do Brasil contemporâneo sob chamas.”
Sergio Adorno
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