volume I: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares
Gomes laurencio – Rio de Janeiro, 2019
- escravidao 2. Brasil 3. historia
Depois de receber diversas prémios e vender mais de 2.5 milhões de exemplares no Bra sil, em Portugal e nos Estados Unidos com série 1808, 1822 e 1889, o escritor Lauren lino Gomes dedica-se a uma nova trilogia de livros-reportagem, desta vez sobre a his tória da escravidão no Brasil. Resultado de seis anos de pesquisas e observações, que incluíam viagens por doze países e très conti nentes, este primeiro volume cobre um perío do de 250 anos, do primeiro leilão de cativos africanos registrado em Portugal, na manhä de 8 de agosto de 1444, até a morte de Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro de 1695. Entre outros aspectos, a obra explica as raízes da escravidão humana na Antiguidade e na própria Africa antes da chegada dos por- tugueses, o início do tráfico de cativos para a America e suas razões, os números, os bastidores e os lucros do negócio negreiro, além da trajetória de alguns de seus personagens mais importantes, como o infante Dom Henrique, patrono das grandes navegações e descobrimentos do século xv e também um dos primei ros grandes traficantes de escravos no Atlântico. Esta é uma história de dor e sofrimento cujos traços ainda são visíveis atualmente em muitos dos locais visitados pelo autor, como Luanda, em Angola; Ajuda, no Benim; Cidade Velha, em Cabo Verde; Liverpool, na Ingla- terra; e o cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Os dois volumes seguintes, a serem publicados em 2020 e 2021, serão dedicados ao século XVIII, o auge do tráfico de escravos, e ao movimento abolicionista que resultou na Lei Aurea de 13 de maio de 1888, chegando até o persistente legado da escravidão que ainda hoje assombra o futuro dos brasileiros
Paranaense de Maringá e seis vezes ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura, Laurentino Gomes é autor de 1808, obra sobre a fuga da corte portuguesa de dom João para o Rio de Janeiro (eleito o Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras); 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República; além de O caminho do peregrino, em coau- toria com Osmar Ludovico da Silva todos publicados pela Globo Livros. Formado em Jornalismo pela Univer- sidade Federal do Paraná, com pós-graduação pela Universidade de São Paulo, é titular da cadeira de número 18 da Academia Paranaense de Letras.
“O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África”, afirmava no final do século XVII o padre jesuíta Antônio Vieira. Essa é uma frase profética que se torna cada vez mais ver- dadeira. Maior território escravocrata do hemisfério ociden- tal, o Brasil recebeu cerca de 5 milhões de cativos africanos, 40% do total de 12,5 milhões embarcados para a América ao longo de três séculos e meio. Como resultado, o país tem ho- je a maior população negra do planeta, com exceção apenas da Nigéria. Foi também, entre os países do Novo Mundo, o que mais tempo resistiu a acabar com o tráfico de pessoas e o último a abolir o cativeiro, por meio da Lei Áurea de 1888 quinze anos depois de Porto Rico e dois depois de Cuba. Experiência mais determinante na história brasi- leira, a escravidão teve um impacto profundo na sociedade, na cultura e no sistema político-econômico que deu origem ao país após a Independência. Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional. Estudá-lo ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente.
Laurentino Gomes
Deixe um comentário