Karl Von Koseritz, seleção de textos

Organizador Rene Gertz – Porto Alegre EDIPUCRs, 1999

  1. Koseritz Karl Von 2. imigrantes Alemães 3. Rio Grande Do Sul 4. historia

Karl von Koseritz foi, sem duvida, um dos mais importantes, se não o mais importante imigrante alemão do Rio Grande Do Sul no século XIX. Como observa R. Gertz, na introdução ao presente volume, ainda falta ser escrita a biografia desde cidadão multifacetado, cuja atividade abrangeu não apenas a defesa dos interesses materiais de seus compatriotas imigrados, mas também a cultura, a politica, a economia, a filosofia e a religião da imigração da nova pátria.

Livre-pensador confesso, colocou-se entre os imigrante como uma força alternativa entre o catolicismo e protestantismo, tendo empregado esforços para possibilitar uma escola laica entre os alemães. com isso, foi um dos responsáveis pela organização do sistema escolar das colônia germânicas, organização esta que foi o que de melhor o Rio Grande Do Sul teve ate hoje (eram mais de 1.000 escolas em 1935), mas que foi aniquilada por um canetaço, quando da campanha de nacionalização.

A seleção de textos de presente coleção apresenta quatro aspectos das atividades intelectual de Koseritz. em A terra e o homem a luz da moderna ciência, o polemista argumenta contra todas as formas de criacionismo, tanto do mundo, como do homem. valendo-se de dados da geologia, da arqueologia, da zoologia, e de outras ciência, defende o evolucionismo, tendo como pressuposto a impossibilidade de se admitir simultaneamente a evolução e a criação. – Em bosquejos etnológicos trata principalmente de problemas de arqueologia rio-grandense e brasileira. -O resumo de economia nacional apresenta-nos um defensor do liberalismo radical, que o torna digno interlocutor de nossa época. Foi dos primeiros textos sobre economia que se escreveram no país, e disso o autor se orgulhava, e, mesmo que dele se discorde em muitos pontos, não se lhe pode negar a lucidez de algumas análises da situação econômica brasileira.

Por fim, há Roma perante o século, onde o anticlerical e anti eclesial surge de corpo inteiro, atacando principalmente os jesuítas, nos quais, como tantos outros indivíduos de sua época, via o perigo maior do futuro para o Ocidente. Como tantos outros, sente-se no dever maniqueísta de denegrir até as reduções jesuíticas. Esse livro (que, pelo que consta, deve ser o segundo texto mais anticlerical produzido na Província) precisa ser devidamente contextualizado, pois tenho certeza que o autor, se vives- se hoje, não o escreveria.

Karl von Koseritz não tinha a pretensão de estar dizendo coisas novas, mas tinha consciência de que algo precisava ser feito para superar o atraso cultural em que se encontravam as elites e o povo de sua pátria adotiva.

Luis Alberto De Boni

“Vamos analisar de maneira mais detida e minuciosa esse absurdo sistema dos partidários dos direitos proibitivos e protecionistas, porque, tratando deles, metemos o dedo sobre uma das mais profundas e perigosas chagas de nossas instituições, e do sistema econômico até hoje seguido no Brasil, que tem dado em resultado a situação anomala em que se acha essa terra tão abençoada pela natureza, quão descurada dos homens, que, sendo mais rica de recursos naturais que nenhuma outra, vive entretanto em relativa miséria, porque espíritos acanhados têm ferido de frente todas as regras da economia, sufocando a produção e a indústria, próprias do país, por um peso de impostos e direitos e por uma ridícula tutela do governo, que não permite o desenvolvimento e a exploração das riquezas que a natureza com tanta abundância derramou sobre essa terra de promissão.”

Karl von Koseritz

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