“A propaganda não se trata apenas de criar notícias falsas. Trata-se também de ocultar notícias reais.“
Elon Musk
Alguns acontecimentos falam muito sobre o estado das coisas no mundo. O atentado de Solingen, no dia 23 de Agosto de 2024, é um desses acontecimentos. Ímpar tanto pelos meandros da sua história, quanto por seus impactos. Em uma fração de segundos, ele aprofundou ainda mais a crise institucional, política e social da Alemanha, e desencadeou uma reação, até pouco tempo atrás, improvável.
Na ocasião, um homem que testemunhas descreveram como de aparência muçulmana (barba longa) saiu distribuindo facadas na jugular de participantes do Festival da Diversidade, que acontecia nas ruas da famosa capital das lâminas no estado da Renânia do Norte-Vestfália.
O saldo do ataque foram três mortos e oito feridos, sendo quatro deles gravemente. Além de uma enorme comoção, a tragédia provocou uma guinada da nação, já abalada pelo atentado em Manheim no final de Maio, quando um refugiado afegão matou um policial com duas facadas no pescoço.
piada machista
No âmbito da política, a crise fez crescer o partido de oposição da direita, Alternativa pela Alemanha (AfD), que se tornou um dos maiores na eleição da semana passada nos estados da Turíngia e da Saxônia. Nem mesmo a resposta imediata do governo, iniciando a deportação dos primeiros refugiados, condenados por crimes hediondos no país, evitou a derrota da coalisão no pleito.
A ministra do Interior, Nancy Faeser (SPD), também determinou a alteração da lei relacionada ao porte de armas. Chegou a propor um tamanho máximo para lâminas (6 cm) em lugares públicos, o que virou alvo de piadas machistas. Ao final, conseguiu apresentar uma proposta de reforma do sistema de asilo do país, que entra em confronto com a diretriz Europeia vigente.
Tudo como manda o script nesse tipo de acontecimento. Foi assim também em 2016, após o atentado no mercado de Natal na Breitscheidplatz em Berlim. Mas além das semelhantes medidas e do jogo de poder que resultou do episódio, o que chama muito a atenção no caso de Solingen é uma ‘coincidência forense’, por assim dizer, e que se tornou praticamente um clichê na historiografia governamental do terrorismo no século 21.
farsa histórica
A polícia nem precisou trabalhar muito no caso. Apenas 48 horas após as mortes no Festival da Diversidade, os investigadores já tinham a identidade do terrorista. Na sua fuga desesperada, ele teria deixado cair o seu documento de identidade, manchado obviamente com o sangue das vítimas.
Seria uma piada macabra, ou talvez uma das tantas farsas que se repetem na história? O atentado de Agosto de 2024 é pelo menos a sexta vez que um ataque terrorista de radicais islâmicos é elucidado porque os documentos dos criminosos foram achados no local do crime.
Além do ataque em Berlim (2016), também foram “esclarecidos” dessa mesma forma, os atentados contra a revista Charlie Hebdo em Paris (2015), ao teatro Bataclan de novo em Paris (2015), no calçadão de Nizza (2016) e os do WTC- 9/11 (2001).
Este último inclusive tem a peculiaridade de que após se explodir no avião contra as torres gêmeas, o passaporte do terrorista saudita, Satam Al Suqami, foi encontrado pelas autoridades norte-americanas nos escombros do World Trade Center. Fora isso, há uma lista considerável de semelhanças entre todos esses atentados.
Especialmente nas motivações e na procedência dos atores envolvidos. “Matar cristãos por vingança pela Palestina”, diz o discruso do Estado Islâmico na grande mídia, sobre a razão para Solingen. Pouco importa se o Estado Islâmico, que se apresentou como promotor do crime, não é de fato apoiador da causa palestina. A Al Qaeda também não apoiava o Talibã em 2001, e nada disso impediu que o Afeganistão fosse invadido pela coalizão ocidental liderada pelos EUA para “estabilizar” o país. Ou seja, o tipo de coisa que confirma o poder e a eficácia da lei de Goebbels, sobre a mentira sendo repetida mil vezes.
A única diferenca importante até agora, é que o autor do ataque em Solingen não foi morto, nem se explodiu na ação. Ao ver a sua foto na televisão como procurado pela polícia, o sírio Issa al Hassan de 26 anos se apresentou na delegacia. Desde então, está incomunicável sob custódia da Polícia Federal. A promotoria alemã ainda investiga as acusações que incluem assassinato e suspeita de pertencer à milícia terrorista do Estado Islâmico (EI).
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