Oposição caça metiras da pandemia no parlamento alemão

Cada vez mais pessoas consideram que o período da pandemia, especialmente os dois anos de 2020 e 2021, deve ser analisado historicamente. A comparação entre a Alemanha e a Suécia é particularmente interessante. A Suécia nunca teve um lockdown. A Suécia também nunca exigiu o uso de máscaras. As creches permaneceram abertas. Por que a Suécia teve menos mortes per capita do que a Alemanha? Essa questão polêmica foi levantada pelo professor Stefan Homburg ao virologista Christian Drosten durante a reunião da Comissão de Inquérito sobre a Pandemia do Coronavírus do Bundestag, em Berlim, em 1º de dezembro de 2025.

A iniciativa do parlamento federal alemão é patrocinada pelo partido Alternativa pela Alemanha (AfD), hoje na oposição, mesmo sendo o maior partido em votos e número de parlamentares no país. A revisão das políticas draconianas do Lockdown, é uma das principais bandeiras políticas da AfD, que foi um dos únicos a criticar o pânico promovido pela máquina do Estado durante a pandemia. Mesmo lutando contra o poder do establishment em todas as frentes, e sendo acusado de radicalismo, extremismo e conspiracionismo, o partido tem aberto o caminho para o esclarecimento das inúmeras dúvidas que persistem sobre esse período sombrio da história. E isso é um dos fatores que explica o seu crescimento exponencial nos últimos anos.

Dr. Stefan Homburg

Do outro lado do balcão nessa disputa estão os partidos auto-proclamados democráticos, que fizeram parte do governo, decretando o confinamento e a vacinação compulsória e praticamente obrigatória. Ainda que com algumas mudanças de cores, como no caso do Partido Verde que dividiu o poder no final da pandemia, são essas mesmas forças políticas que empurram o povo alemão hoje para uma guerra suicida contra a Rússia. Agora, esses democratas de gabinete tentam desesperadamente evitar que as perguntas feitas durante a comissão em Berlim sejam respondidas de forma satisfatória. E a tática para conseguir isso é tão velha quanto o elitismo da política de partidos de maneira geral e irrestrita.

Além de desqualificar o interlocutor para evitar o assunto em si, as vozes oficiais da época apelam à argumentos como a complexidade e falhabilidade científica, coisa que estranhamente negavam como “conspiracionismo” durante os nefastos anos em que trancaram as populações mundo afora.

O virologista Christian Drosten durante seu depoimento na comissao de inquérito do Bundestag em 01/12/2025 (DPA)

“A questão é mais complexa e não há tempo aqui para respondê-la “, disse o Dr. Drosten ao ser interrogado no início de Dezembro de 2025. Em 2020 e 2021 ele, que também dirige o Instituto de Virologia da prestigiada Faculdade de Medicina da Charité na capital federal, serviu como consultor especial do governo para a política da pandemia, pintando um quadro terrível de ficção científica em programas de rádio e televisão em cadeia nacional. Ele foi o maior defensor do uso do teste PCR como forma de detecção do Virus Corona, assim como da obrigatoriedade do uso de máscaras e claro da vacina como única solução para a crise.

“Isso é um desvio semântico, e por isso não relevante”, argumentou o virologista-estrela para a comissão a respeito dos “desvios estatísticos” provocados pelo uso do teste PCR na atribuição da causa-mortis durante a pandemia. Na Alemanha também é notório o fato de que inúmeras mortes da estatística do Corona-Virus tinham o teste do vírus e não uma autopsia como determinante da causa dos óbitos.

Inexplicável: Estatística oficial contradiz argumento do governo durante a pandemia de que houve uma onda de mortos causada pelo Covid-19. Mais interessante ainda é o argumento “radical” de que o pico do número de mortos verificado no período coincide sim com as campanhas de vacinacao durante o confinamento (Fonte: Instituto Robert Koch)

Ainda mais grave é a banalização de um grave erro metodológico que ainda hoje é citado por incautos, amadores e mal intencionados como a principal justificativa para todas as medidas tomadas. Trata-se da ideia de que o número de mortos da pandemia acompanhava a incidência da doença verificada nos testes obrigatórios naquele período. “Essa construção fantasiosa pode ser facilmente desmontada com as estatísticas do próprio governo”, critica Stefan Homburg, apresentando dois gráficos. Um com o número oficial de mortes e outro com a incidência mostrada pelos testes. A discrepância entre o que mostram os gráficos e o argumento do governo é clara.

Estatística oficial da incidência semanal da Covid-19 na Alemanha (Fonte: gesund.bund.de)

“Os testes PCR positivos não são um indicador útil do ponto de vista médico, mas sim um meio de pressão política”, conclui o Dr. Homburg, apontando a coincidência das medidas com os períodos de campanha eleitoral em nível local e nacional. O problema do seu argumento é que ele não possui um diploma de médico. Profissionalmente, ele é doutor em economia, tendo atuado como diretor do Instituto de Finanças Públicas da Universidade de Hannover. Por seus posicionamentos sobre a política do governo durante a pandemia, somados ao seus vínculos com a AfD, acabou sendo aposentado compulsoriamente em 2021.

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